Americanas (AMER11) – Prejuízo ao mercado foi maior que o contabilizado

A situação da Americanas (AMER3) paralisou o primeiro semestre de 2023, principalmente porque a empresa era um ícone, com proprietários entre os mais ricos do país. A afirmação é do CEO da Multiplike, Volnei Eyng.

“Embora o mercado de crédito, fundos e bancos soubessem da grande alavancagem da empresa, duas coisas eram inimagináveis: a possibilidade de fraude nos balanços, que eram auditados, e a falta de intervenção imediata dos sócios, que eram as pessoas mais ricas do país, para cobrir déficits e evitar a recuperação judicial com grande deságio e parcelamento”, diz.

Para o executivo, toda essa situação resultou em uma desconfiança generalizada no mercado durante o primeiro semestre de 2023, especialmente em relação à credibilidade dos balanços auditados e à expectativa de que os sócios assumiriam os pagamentos. “Isso não aconteceu. Houve muitas críticas posteriormente, mas a verdade é que todos que concederam crédito e investiram mais do que deveriam na Americanas, o fizeram confiando na reputação do grupo 3G Capital, conhecido por sua credibilidade e meritocracia, que acabou decepcionando todo o mercado de crédito brasileiro”, destaca.

E conclui: “a crise da Americanas no início de janeiro teve um efeito cascata, levando outras grandes empresas a pedir recuperação judicial, principalmente porque o mercado já estava saturado de crédito.”

Americanas (AMER3): relembre o caso

A fraude, admitida pela Americanas em junho do ano passado, envolvia a manipulação dos balanços para ocultar a real situação financeira da companhia. O esquema incluía contratos fictícios de propaganda e financiamentos a fornecedores, gerando um lucro artificial que sustentava o pagamento de bônus, dividendos e impostos.

Segundo o atual CEO da Americanas, Leonardo Pereira, a fraude foi complexa, com lançamentos contábeis opostos que dificultavam a detecção. Em depoimento à CPI da Americanas, Pereira detalhou que o esquema resultou em um rombo de aproximadamente R$ 20 bilhões, enquanto a dívida total da empresa em recuperação judicial é de R$ 40 bilhões.

A revelação da fraude causou um efeito cascata no mercado, com outras grandes empresas pedindo recuperação judicial devido à saturação do crédito. O caso continua a ser investigado, e novos desdobramentos são esperados.

Mercado de crédito abalado

A revelação de uma fraude contábil na companhia abalou profundamente o mercado de crédito brasileiro. A empresa, considerada um ícone no varejo nacional e controlada por alguns dos empresários mais ricos do país, havia conseguido ocultar suas reais condições financeiras por meio de manipulações contábeis complexas, como contratos fictícios de propaganda e financiamentos a fornecedores inexistentes.

A exposição da fraude teve um efeito devastador na confiança do mercado. Investidores e instituições financeiras, que concederam crédito à Americanas baseados na aparente solidez da empresa, sentiram-se traídos. A crise na Americanas levou a uma retração do crédito, com bancos e fundos ficando mais cautelosos e aumentando as exigências para a concessão de novos empréstimos. Isso resultou em um efeito cascata, afetando outras empresas que dependiam de financiamentos, e culminou em pedidos de recuperação judicial por parte de várias grandes corporações.