Inflação não baixa com boné na cabeça

Ultimamente, tenho reparado em uma curiosa tendência nas ruas e nas redes sociais: o uso de bonés com frases nacionalistas, que têm se espalhado por diversos grupos políticos. Esse fenômeno, que já foi observado na candidatura de Donald Trump nos Estados Unidos, com seu icônico “Make America Great Again”, tem ganhado força no Brasil. Figuras como o presidente Luiz Inácio Lula da Silva e ministros do governo, têm adotado bonés com a frase “O Brasil é dos Brasileiros”, enquanto membros da oposição se apropriam de bonés com o lema “Comida barata novamente”. Esses acessórios têm se tornado símbolos de identidade política e ideológica, uma forma de se conectar com as massas e reforçar posicionamentos. No entanto, apesar da popularidade crescente dos bonés e dos slogans como “Brasil acima de tudo”, a dura realidade econômica do país permanece: a inflação continua alta e não cede diante de frases de efeito ou gestos simbólicos.

A inflação, que corrói o poder de compra da população, está longe de ser um problema resolvido, e, na minha opinião, é evidente que um boné de político não vai mudar essa realidade. Tanto o governo quanto a oposição precisam deixar de lado as brigas nas redes sociais e enfrentar de forma séria o problema que afeta a vida de todos os brasileiros. O IPCA, principal indicador da inflação no Brasil fechou o ano de 2024 com alta de 4,83% e agora para 2025, a estimativa de inflação subiu de 5,08% para 5,50%. A meta era de 3% com tolerância de até 4,5%, porém como podemos ver o número ainda está bem acima da meta estabelecida pelo Banco Central. 

 Além disso, a inflação tem afetado diretamente a vida dos brasileiros, especialmente em itens essenciais como alimentos e combustíveis. O preço dos alimentos, por exemplo, subiu 8,23% em 2024, com aumentos expressivos em itens básicos como arroz, feijão, carne e óleo. Já os combustíveis, que são um dos maiores vilões da inflação, registraram alta de 9,71% nos últimos 12 meses e  têm gerado uma pressão adicional sobre os preços de outros bens e serviços. 

Essa escalada de preços tem levado o Banco Central a adotar medidas drásticas para tentar controlar a inflação, com a Selic subindo para 13,25% em janeiro, e com a previsão de alcançar 15% até o fim do ciclo de alta. Com os juros elevados, o crédito se torna mais caro, o que desestimula o consumo e ajuda a desacelerar a demanda, o que, teoricamente, poderia aliviar a pressão sobre os preços. No entanto, os efeitos dessa política não são imediatos e podem gerar consequências negativas, como o aumento da inadimplência, o crescimento do desemprego e uma desaceleração ainda maior da economia.

O cenário se torna ainda mais desafiador ao observarmos o impacto da inflação nas camadas mais vulneráveis da população. O poder de compra das famílias foi severamente comprometido, o que tem feito muitos brasileiros verem sua capacidade de adquirir bens essenciais diminuir drasticamente. O custo de vida nas grandes cidades, como São Paulo e Rio de Janeiro, tem subido de forma alarmante, forçando muitas pessoas a readequar seus orçamentos para conseguir sobreviver. Com o aumento dos juros, a tendência é que, em pouco tempo, também vejamos uma queda nos empregos, agravando ainda mais a situação e tornando o cenário econômico cada vez mais difícil.

No fim das contas, a alta taxa de juros e os constantes aumentos de preços não serão resolvidos com frases em bonés ou gestos simbólicos, mas com políticas econômicas consistentes que possam garantir o controle dos preços sem prejudicar o crescimento econômico. Não adianta símbolos e slogans para atrair apoio, os números da economia não mentem: é preciso mais do que boné na cabeça para resolver a crise inflacionária que atinge a todos. O grande desafio, agora, será encontrar um equilíbrio entre o combate à inflação e a retomada do crescimento econômico, sem que as medidas de austeridade resultem em mais dificuldades para a população, especialmente para os mais pobres.

 

Donald Trump mudará a economia global

A recente reeleição de Donald Trump como presidente dos Estados Unidos promete uma série de mudanças que podem transformar o cenário global. Para alguns suas medidas podem cair como uma bomba, já para outros o cenário pode abrir uma janela de oportunidades. Trump, é conhecido por ser abertamente pró-negócio e defensor de medidas protecionistas, ele traz uma combinação de oportunidades e desafios que devem impactar tanto o mercado financeiro internacional quanto a economia brasileira local. Para os investidores como eu, esse momento requer estratégias bem definidas, especialmente no que diz respeito à diversificação do patrimônio e à exposição ao mercado americano.

Uma coisa é certa, nunca aposte contra a América. A  história recente mostra que a economia americana é resiliente e que mesmo após a crise de 2008, os EUA demonstraram capacidade de recuperação rápida, o que reforça a ideia de que investir no mercado americano pode ser uma estratégia segura e lucrativa no longo prazo. E com isso na minha visão, sob a liderança de Trump, o ambiente para investimentos nos Estados Unidos tende a se tornar ainda mais atrativo, especialmente para empresas e setores ligados à infraestrutura, tecnologia e energia.

Trump construiu sua campanha com promessas que focam no fortalecimento da economia americana. Entre elas estão cortes de impostos, aumento das tarifas de importação e uma postura agressiva no combate à imigração ilegal. Embora essas medidas possam estimular setores internos dos EUA, elas também representam riscos inflacionários e tensões comerciais globais. No curto prazo, tais políticas tendem a atrair mais capital para os Estados Unidos, fortalecendo o dólar e pressionando economias emergentes como o Brasil.

Impactos no Brasil: O Que Esperar?

 

Um dólar mais forte tende a pressionar ainda mais o câmbio brasileiro, que já está acima dos R$ 6,10. Isso significa importações mais caras, produtos subindo de preço e uma inflação ainda mais pressionada. Enquanto isso, temos uma Selic nas alturas, que encarece o crédito e trava o crescimento. Para piorar, o governo ainda não fez cortes de gastos significativos nem avançou em reformas estruturais, deixando a economia mais vulnerável a qualquer turbulência externa. Com Trump reeleito nos EUA, a pressão sobre o Brasil pode aumentar ainda mais, o que torna o cenário ainda mais desafiador.

Além disso, a política protecionista de Trump pode dificultar as exportações brasileiras para os EUA, especialmente em setores como o agronegócio e a indústria. Trump já demonstrou interesse em aumentar tarifas sobre produtos sul-americanos, incluindo os brasileiros, sob a justificativa de que os Estados Unidos pagam taxas excessivas por esses produtos. Esse cenário aumenta os desafios para a balança comercial brasileira e pode exigir maior esforço diplomático para mitigar os impactos.

Por outro lado, essa mesma pressão também cria oportunidades para o investidor brasileiro. Em um cenário de dólar valorizado, manter parte do patrimônio dolarizado é uma estratégia inteligente. Investir em ativos americanos como ações, fundos imobiliários e ETFs pode proteger o capital contra oscilações da moeda  e ainda oferecer exposição a uma economia robusta e diversificada. Para o investidor brasileiro, alocar uma parte do patrimônio em dólar é uma forma de proteger-se contra os riscos locais, como inflação alta, instabilidade política e desajuste fiscal. O dólar, além de ser a moeda de reserva mundial, tende a se valorizar em momentos de crise global, funcionando como um ativo de proteção.

 

Corte de Gastos: Economia de R$ 156,9 bilhões em 5 anos será à custa dos mais pobres

O pacote de medidas de corte de gastos anunciado pelo governo Lula, essa semana entrou na mira dos analistas econômicos especialmente em relação ao trabalho de Fernando Haddad à frente da Fazenda. O objetivo era,  claro,  controlar o déficit fiscal e tentar equilibrar as contas públicas, especialmente com a inflação em alta, conforme mostram as previsões do Boletim Focus. Porém, após o anúncio, o dólar chegou a bater sua máxima histórica acima dos R$ 6,00 , valor mais alto desde a criação do plano real.

À primeira vista, parece que o governo estava adotando as medidas necessárias para melhorar a economia, com uma estimativa de até 2026, economizar R$ 70 bi e em 5 anos 327 bilhões de reais, com mudanças no reajuste do salário mínimo, no abono salarial, aposentadorias dos militares, entre outros. Mas, ao olhar mais de perto, ficou evidente que alguns setores estão sendo pouco ou nada impactados pelos cortes, enquanto outros, como o reajuste do salário-mínimo e áreas essenciais como saúde e educação, estão na mira. Para mim o mais impressionante foi que, deste pacote todo, em 5 anos os R$ 156,9 bilhões arrecadados serão apenas as custas dos mais pobres, ou seja, quase a metade do valor total do previsto no arcabouço.

O que mais me incomoda nessa história toda é que, enquanto o governo se esforça para ajustar a política fiscal, as reformas mais profundas ficam de fora. A falta de mudanças estruturais em setores estratégicos, como os gastos com os militares e as despesas políticas, coloca em xeque a real disposição do governo em promover uma transformação mais justa e eficaz nas finanças públicas.

Uma das principais mudanças sinalizadas no arcabouço é o reajuste do salário-mínimo. Hoje, o piso salarial é ajustado com base na inflação mais a variação do Produto Interno Bruto (PIB) de dois anos antes, o que garante um aumento real para os trabalhadores. Este ano, por exemplo, o reajuste foi de 6,97%, com 3,85% de reposição da inflação e o restante de crescimento real. Com a nova regra anunciada pelo ministro Fernando Haddad, o aumento real do salário mínimo vai ficar sujeito ao limite imposto pelas regras do arcabouço fiscal, já que muitas das despesas da União estão indexadas ao salário mínimo. 

A proposta é manter a regra de crescimento real pelo PIB, mas a variação real estará nos limites do arcabouço fiscal, que é de 0,6% a 2,5%. Isso significa que o governo busca que o crescimento das despesas seja controlado, alinhando-se à inflação e ao crescimento econômico do país, economizando só com essa medida 109,8 bilhões em cinco anos. Isso pode ser uma medida necessária para controlar os gastos, mas me preocupa bastante, pois coloca em risco o poder de compra dos trabalhadores mais pobres, que dependem diretamente do salário-mínimo para sobreviver.

Outro anúncio de corte para a população está relacionado ao Abono Salarial, o proposto foi uma redução do limite de renda para ser elegível ao benefício. Pela regra atual, tem direito ao abono salarial o trabalhador que recebe até 2 salários mínimos, ou seja, 2.824 reais, já com a nova regra, o limite será fixado em 2.640 reais e  será corrigido pelo INPC até chegar ao limite máximo de 1,5 salário mínimo; economizando aí para o governo por volta de 18,1 bilhões de reais em 5 anos. Além disso, outros cortes e um pente fino estão previstos no BPC e no Bolsa Família, somando R$ 29 bilhões até 2030.

O maior problema, porém, está na exclusão de certos setores dos cortes e em cortes mínimos em setores que são de fato um gasto para o país. A começar pelas Forças Armadas e as áreas políticas, que parecem estar livres de ajustes significativos. Enquanto o governo tenta cortar gastos em áreas como saúde, educação e assistência social, os militares continuam com privilégios que oneram as contas públicas, sem que se faça um debate mais profundo sobre isso. Esse privilégio se torna ainda mais evidente quando olhamos para o acordo recente entre o governo e as Forças Armadas sobre a mudança nas regras da Previdência militar, alterações essas que ainda são pequenas, especialmente quando se considera o custo elevado com salários, pensões e benefícios para esse setor.

Entre as poucas mudanças acertadas, está a perda do direito à pensão para familiares de militares expulsos das Forças Armadas (algo que, sinceramente, já deveria ter acontecido, pois muitas dessas expulsões são devido a crimes cometidos por eles), além do aumento da idade mínima para a transferência para a reserva remunerada, dos 50 para os 55 anos economizando assim segundo estimativa, 6 bilhões de reais em 5 anos. Embora essas mudanças representam um avanço em termos de disciplina fiscal dentro desse setor, o fato é que o governo ainda se abstém de um debate mais profundo sobre as regalias militares. O gasto com militares no Brasil é, historicamente, uma das maiores fontes de despesas públicas, e uma reforma mais robusta no setor poderia contribuir significativamente para a redução do déficit fiscal.

Além disso, há a questão das áreas políticas, com seus altos custos em cargos comissionados, salários e benefícios. A estrutura do governo, com tantos ministérios, estatais e cargos de confiança, representa uma fatia considerável do orçamento público. No entanto, o governo parece hesitar em tocar nesse sistema de privilégios, que envolve custos elevados para o contribuinte. Até o momento só foi mencionado o teto do salário que passará a ser “fiscalizado”, e até então não houve apresentação sobre o impacto na redução de gastos. O que mais uma vez reforça a sensação de que a austeridade fiscal está sendo aplicada de forma desigual.

A minha principal crítica a esse modelo de cortes é a sua seletividade. O governo parece proteger setores com maior poder político e econômico, como os militares e a política, enquanto áreas essenciais para a população, como saúde e educação, enfrentam ajustes severos. Isso cria um descompasso entre o discurso de austeridade e a realidade das contas públicas, evidenciando que os cortes não estão sendo distribuídos de maneira justa. O Brasil enfrenta uma crise fiscal estrutural, e a solução precisa passar por reformas profundas em diversos setores. Contudo, a falta de um ajuste mais amplo e a aplicação seletiva de cortes arriscam minar a credibilidade do governo e aprofundar as desigualdades sociais.

Efeito Trump: o que acontece com a economia brasileira se o republicano vencer as eleições?

A corrida eleitoral nos Estados Unidos está em um momento decisivo, com o ex-presidente Donald Trump e a vice-presidente Kamala Harris em uma das disputas mais acirradas já vistas nos EUA. Os dois candidatos estão tecnicamente empatados em diversos estados, e a insatisfação dos eleitores com os altos custos de alimentação e moradia pode ser um fator crucial nas urnas.

Mas, afinal, pra que se preocupar com as eleições de lá se já temos vários problemas com as eleições daqui, não é? Isso é uma meia verdade, mas o fato é que as eleições por lá têm efeitos globais e afetam a economia de todos os países ao redor do globo, incluindo o Brasil. A relação entre política e economia, tanto nos EUA quanto aqui no Brasil, molda o futuro econômico em um mundo que se torna cada vez mais interconectado.

Se Donald Trump vencer, o Brasil pode enfrentar um cenário de incertezas. A proposta de Trump de cortes de impostos para estimular a economia americana pode aquecer o mercado interno, mas também suscita preocupações com a inflação e a saúde fiscal dos EUA. Essa estratégia pode levar a um aumento do dólar, o que, em um contexto de maior protecionismo, pode dificultar a competitividade de produtos brasileiros no exterior.

O Brasil, que já é vulnerável a flutuações na moeda americana, pode também enfrentar um ambiente de investimentos mais desafiador, à medida que a inflação nos EUA influencia as taxas de juros globais. Em resumo, um Trump no comando poderia levar a um aumento do dólar, pressionando a inflação no Brasil e complicando ainda mais a política monetária local.

Além disso, a postura agressiva de Trump em relação ao comércio, especialmente com países como a China e o continente europeu, poderia resultar em uma guerra comercial que afetaria negativamente as economias emergentes, incluindo o Brasil. Esse cenário não apenas comprometeria as exportações brasileiras, mas também poderia desviar investimentos que, de outra forma, fluiriam para o país.

Com esse cenário de incertezas, a candidatura de Trump provoca volatilidade nos mercados. Investidores já demonstram cautela diante da possibilidade de sua vitória, o que pode resultar em uma fuga de capitais em busca de ativos mais seguros. Essa dinâmica pode pressionar ainda mais a economia brasileira, dificultando o financiamento e exacerbando as tensões inflacionárias.

Portanto, enquanto acompanhamos de perto a corrida eleitoral nos EUA, é essencial não subestimar o impacto que Trump pode ter nas políticas econômicas e nas relações comerciais com o Brasil. O futuro econômico do nosso país pode depender fortemente das escolhas que os eleitores americanos fizerem nas urnas.

Brics: A inclusão de regimes hostis ao Ocidente coloca a economia brasileira em risco

Nos últimos anos, o Brics: se firmou como um gigantesco bloco econômico e político no cenário mundial, juntando grandes potências como Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Com a possibilidade de expansão para novos membros, a entrada de países com regimes considerados hostis ao Ocidente levanta preocupações sérias sobre as consequências para a economia brasileira.

Para contextualizar vocês, aconteceu o seguinte: regimes como os da Venezuela, Belarus e até mesmo o Talibã pediram para fazer parte dos Brics: A economia brasileira que já enfrenta seus próprios desafios, como a inflação alta, incertezas fiscais e a saída de capital estrangeiro, está se colocando em um momento ainda mais delicado, e que, na minha opinião e de diversos outros economistas, pode complicar ainda mais a situação brasileira.

Felizmente, e graças a um bom trabalho de diplomacia, a Venezuela foi excluída da lista de possíveis novos parceiros do Brics: Essa decisão reflete o desejo do Brasil de evitar a inclusão de países com governos contestados, especialmente aqueles que enfrentam críticas dos EUA. No entanto, fiquei surpreso com isso, já que, apesar de o presidente Lula ter questionado a legitimidade da eleição na Venezuela, ele ainda mantém uma boa relação com Maduro.

Contudo, os Brics decidiram incluir países como Cuba, que têm tensões diretas com os EUA. A lista dos 13 novos países selecionados como membros associados ainda será confirmada, porém a entrada de regimes controversos pode resultar em repercussões econômicas significativas para o Brasil, especialmente porque os Estados Unidos são um dos nossos principais parceiros comerciais.

A percepção de um alinhamento brasileiro com regimes considerados antiocidentais pode levar a sanções, retaliações ou restrições comerciais dos EUA, prejudicando setores estratégicos da economia brasileira, como o agronegócio e a exportação de commodities. Além disso, a inclusão de novos membros pode fortalecer a influência geopolítica do Brics, criando um alinhamento que rivaliza com o G7, do qual os EUA fazem parte.

E não para por aí: a ampliação do Brics pode influenciar a política monetária do Brasil. A diversificação de parcerias comerciais poderia reduzir a dependência brasileira do mercado americano e promover maior estabilidade nas exportações. Entretanto, essa transição não é simples, já que o dólar ainda domina o comércio internacional. Um afastamento excessivo do sistema financeiro ocidental, liderado pelos EUA, poderia desestabilizar a economia brasileira, afetando a confiança dos investidores e resultando em maior volatilidade nos mercados.

Nesse cenário, é positivo para o mercado que o presidente Lula tenha se manifestado contra essa expansão, buscando preservar a estabilidade econômica e as transações comerciais do Brasil. Essa postura se torna ainda mais relevante à medida que o Brasil se prepara para assumir a liderança do Brics no próximo ano. Para o Brasil, o desafio vai além de apenas diversificar parcerias; é essencial manter relações saudáveis com nossos tradicionais parceiros comerciais, especialmente os Estados Unidos. Esse equilíbrio será fundamental para assegurar um desenvolvimento econômico sustentável e evitar conflitos significativos.

 

 

Como a guerra agravada no Líbano vai impactar seus investimentos?

A instabilidade no Oriente Médio, especialmente com a recente escalada de conflitos no Líbano, levanta preocupações sobre suas implicações para os mercados globais e, consequentemente, para os nossos investimentos. E é claro que como todo o investidor eu estou preocupado com o rumo que essa situação pode tomar, pois essa guerra pode vir, sim, a afetar sim a nossa vida cotidiana. Engana-se quem pensa que está protegido só pelo conflito ocorrer em outro continente.

A guerra no Líbano não é um evento isolado, é parte de um emaranhado de tensões que acontecem há anos e envolvem países árabes, Israel e potências globais. A participação de grupos como o Hezbollah, o papel de países como Irã e Síria e as reações de potências como os Estados Unidos e a Rússia criam um ambiente instável que pode ter consequências de longo alcance.

O desafio para nós, investidores e consumidores que estamos de fora, é que a escalada de conflitos em regiões estratégicas para a produção de petróleo e energia trará um impacto direto sobre os preços das commodities, gerando inflação, inclusive aqui no Brasil. No entanto, para nós investidores, há uma tábua de salvação: opções de investimentos que protegem nosso capital e são consideradas mais seguras. Continue lendo, vou explicar como você pode se resguardar nesse cenário.

Impacto da guerra sobre os preços do petróleo

Um dos efeitos mais diretos da guerra no Líbano será a pressão sobre os preços do petróleo. Os países árabes, muitos dos quais fazem parte da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep), controlam uma parcela significativa da produção global de petróleo. Qualquer escalada do conflito pode resultar em interrupções no fornecimento, levando a um aumento nos preços de combustíveis.

Historicamente, crises no Oriente Médio têm provocado flutuações acentuadas nos preços do petróleo. Com as cotações já em níveis elevadas devido a tensões anteriores, um novo conflito pode exacerbar essa situação, resultando em custos mais altos para o transporte e para bens de consumo.

A alta dos combustíveis e a inflação

O aumento dos preços do petróleo tem um efeito cascata na economia de diversos países. Combustíveis mais caros significam não apenas maiores custos de transporte, mas também um impacto direto em setores como agricultura, manufatura e serviços. Essa elevação de custos pode se traduzir em inflação, pressionando os consumidores e corroendo o poder de compra. Em um ambiente inflacionário, os investidores devem estar atentos às opções de proteção. Uma estratégia eficaz pode ser a alocação em títulos atrelados ao Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que oferecem uma proteção contra a perda de poder aquisitivo.

Títulos atrelados ao IPCA: uma proteção necessária

Os títulos atrelados ao IPCA são ferramentas importantes para investidores. Esses papéis oferecem retornos que acompanham a inflação, garantindo que o rendimento real do investimento não seja corroído por aumentos de preços. Com a expectativa de inflação elevada devido aos conflitos no Oriente Médio, agravado com o ataque de Israel em território libanês, e ao aumento dos preços dos combustíveis, considerar a inclusão desses títulos em seu portfólio pode ser uma estratégia sensata. Além de proteger o capital, esses investimentos proporcionam uma renda fixa que pode ajudar a equilibrar o risco em momentos de volatilidade.

Então é isso investidor, considere diversificar seu portfólio como uma forma de hedge (proteção) contra a inflação. E claro, nada mais sensato do que manter-se informado sobre o desenrolar do conflito no Líbano, em Israel e em todo Oriente Médio e suas repercussões nos mercados globais. Como sempre digo, em tempos de incerteza, a melhor estratégia é estar preparado e informado para agir.

 

 

Trump pode mudar o futuro econômico do Brasil

O atentado sofrido pelo ex-presidente dos EUA, Donald Trump, no último sábado (13) foi um dos assuntos de destaque da semana e pode ser crucial para definir o resultado da próxima eleição presidencial por lá e impactar também o Brasil.

        Atualmente, observamos um ressurgimento da direita em diversos países ao redor do mundo. Entre as características, está o sistema político caracterizado por taxas de juros baixos, controle rigoroso da inflação, controle de gastos públicos e foco no desenvolvimento econômico sem aumentar a intervenção estatal são princípios fundamentais da teoria liberal.

         Essa tendência é evidente em várias nações. Na França, por exemplo, houve uma forte ascensão da direita e, apesar de não ter alcançado o poder nas últimas eleições, espera-se que possa ocorrer uma mudança nos próximos 2 anos, visto o cenário da última votação para o Parlamento Europeu. Na Argentina, o atual governo de Milei, também de direita, vendo sendo elogiado por seu eficaz controle da inflação, redução do gasto público e corte de privilégios. Toda esta onda deverá  impactar o Brasil rapidamente.

        Nos Estados Unidos, a principal economia global, que influencia as economias e decisões nos principais países emergentes ao redor do mundo,  Donald Trump está em posição de forte influência política, e há quase certeza de sua reeleição, principalmente após o atentado que sofreu no sábado (13/07). 

         Neste contexto, mesmo com Bolsonaro inelegível, o bolsonarismo continua a ser uma força significativa, com aproximadamente 40% da população identificada como conservadora, além de  20% que oscila entre diferentes posições políticas, de acordo com o candidato que está no segundo turno. Dependendo do candidato de direita escolhido, como Tarciso de Freitas ou Romeu Zema, por exemplo, as chances de vitória nas próximas eleições são consideráveis, promovendo uma agenda econômica liberal focada no controle de gastos, redução de taxas de juros e combate à inflação. Isso não sou eu que acho.

       No Brasil e em outros países ao redor do mundo, a influência de Donald Trump é notável neste contexto. Embora sua vitória não garanta automaticamente o sucesso de outros candidatos de direita globalmente, o apoio da maior economia do planeta pode certamente impactar positivamente suas campanhas. Além disso, figuras influentes como Elon Musk, por exemplo, que, inclusive, se meteu na justiça brasileira, mostra o poder de grandes personalidades.

       Trump e Bolsonaro perderam as últimas eleições por um único motivo. Falam demais e falam sem filtro. Porém, as eleições de 2026 devem ter um cenário completamente diferente. Candidatos de direita mais bem preparados, imagem de Lula já um pouco mais esgotada e necessidade de renovação, principalmente se a economia não deslanchar. Não, não sou eu que digo isso. São as pesquisas. Para você ter uma ideia, se a eleição fosse hoje, Tarcisio de Freitas estaria tecnicamente empatado com Lula. Deixando as paixões de lado, em teoria, Lula deveria estar muito na frente de um candidato ainda não muito conhecido em todo o Brasil. Quem viver, verá.

 

 

Lula é quem mais afunda seu próprio governo

 

         O embate entre o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o Banco Central, liderado por Roberto Campos Neto, indicado por seu antecessor Jair Bolsonaro (PL), tem sido marcado por críticas contundentes. Lula expressou repetidas discordâncias com a política monetária atual, especialmente em relação aos altos juros que, segundo ele, prejudicam o crescimento econômico e não correspondem à realidade da inflação no Brasil. Essas críticas públicas têm gerado incertezas no mercado financeiro, refletindo-se diretamente na curva de juros e no valor do câmbio. E como sabemos, a continuidade dessas tensões pode aumentar a instabilidade econômica, ressaltando a importância de uma comunicação mais alinhada entre o governo e o Banco Central para assegurar um ambiente financeiro mais estável.

 

        A instabilidade econômica exacerbada pelas falas de Lula tem impactado negativamente o país. O aumento do dólar e da inflação é um reflexo direto dessa incerteza, afetando não apenas a economia, mas também a popularidade do próprio presidente.

 

        Essa dinâmica desencadeia uma série de eventos em cascata. À medida que Lula critica as taxas de juros e a gestão cambial, os investidores perdem confiança e retiram seus investimentos do Brasil, exacerbando ainda mais a desvalorização da moeda e os índices inflacionários. Para conter esses efeitos, o Banco Central tem sido pressionado a aumentar a taxa Selic, o que por sua vez desacelera o crescimento econômico e agrava os desafios fiscais do governo.

 

        É importante lembrar que em 2022 o dólar quase atingiu R$6, e se uma tempestade perfeita ocorrer em 2024, isso é completamente possível de acontecer. Não é algo fora da realidade.

 

        Recentemente, o presidente Lula e seus ministros se reuniram ontem, dia 4 de julho, para discutir medidas destinadas a conter o aumento do dólar. O ministro Haddad anunciou o compromisso com a meta fiscal e um corte de despesas de 25,9 bilhões de reais, o que pareceu acalmar o mercado. Após o anúncio, o dólar mostrou sinais de recuo, registrando uma queda superior a 1% por volta das 10 horas da manhã de hoje.

 

        No entanto, essas medidas podem não ser suficientes a longo prazo. É crucial que nos próximos dias o governo detalhe suas estratégias para alcançar as metas propostas. Além disso, é fundamental que o presidente compreenda a mensagem do mercado e interrompa os ataques ao Banco Central. Agora é aguardarmos os próximos passos.

 

Trump Presidente? Como isso afeta o investidor brasileiro?

Os investidores brasileiros precisam ter os sentidos apurados ao analisar o mercado financeiro. Isso porque o país está instável tanto política quanto economicamente e, por ser uma potência em desenvolvimento, sofre as consequências do mercado externo, a exemplo da inflação americana, conflitos geopolíticos no Leste Europeu e Oriente Médio e mais atualmente a campanha presidencial norte-americana com o embate da figura de Donald Trump.

 

Trump já foi o 45º presidente dos EUA, servindo de 2017 a 2021,  sendo visto por alguns líderes como uma espécie de “messias”; mas também enfrentou controvérsias significativas. Sua presidência foi marcada por eventos como a tentativa de invasão do Congresso em 2021 e em 2024, ele se tornou o primeiro ex-presidente dos EUA a ser condenado por um crime, sendo considerado culpado por fraude contábil relacionada à eleição de 2016.

 

Recentemente, o magnata foi confirmado como o candidato do partido Republicano para a corrida presidencial, logo após ter sido alvo de uma tentativa de atentado que o colocou em destaque nas principais manchetes. Este incidente tem o potencial de beneficiar consideravelmente sua campanha política. “Não há a menor dúvida de que o atentado ao Trump vai trazer um grande benefício para a candidatura dele e vai ser como aconteceu aqui com o Bolsonaro; chamar a atenção para o Trump e impulsionar a candidatura”. João Peixoto Neto, CEO da Ouro Preto Investimentos

 

Um levantamento do grupo de mídia CNN aponta que o apoio a Trump entre os eleitores registrados permanece inalterado em 49% em uma comparação direta com Biden. Enquanto isso, o apoio a Biden está em 43%, uma variação mínima em relação aos 45% registrados anteriormente em janeiro.


Preocupações e precauções para o Brasil

 

Sua postura decidida e ao mesmo tempo prolixa assusta os investidores globais e, no Brasil, as preocupações e precauções se mantêm. “Esse cenário tende a gerar uma maior aversão ao risco entre os investidores, o que pode fortalecer o dólar americano e pressionar os mercados emergentes, incluindo o Brasil. Para o Ibovespa, um favoritismo crescente de Trump pode trazer volatilidade adicional, uma vez que os investidores estrangeiros podem optar por ativos considerados mais seguros nos Estados Unidos. Essa movimentação pode resultar em uma saída de capital do Brasil, impactando o índice científico. Além disso, a perspectiva de uma política fiscal mais agressiva por parte de Trump, com cortes de impostos, pode aumentar a incerteza sobre a economia americana, influenciando as taxas de juros e, consequentemente, o fluxo de investimentos. No contexto brasileiro, a valorização do dólar pode exercer pressão inflacionária, tornando mais difícil para o Banco Central reduzir a taxa Selic. Um ambiente de maior aversão ao risco e fuga de capitais tende a elevar o custo de financiamento e impactar negativamente a confiança dos investidores na economia brasileira. Portanto, é crucial monitorar os desdobramentos políticos nos EUA e suas implicações para a política monetária global e o mercado financeiro brasileiro.”, André Colares, CEO da Smart House Investments.

 

Porém a avaliação sobre a volta de Donald Trump à corrida presidencial dos EUA e sua possível vitória pode variar dependendo das perspectivas e interesses do Brasil. Para Volnei Eyng, CEO da gestora Multiplike, o discurso do Trump agora é que irá definir como o mercado vai se portar, pois se ele tiver um discurso muito forte contra a imigração, como na primeira vez que ele foi presidente, pode assustar um pouco a inflação nos Estados Unidos e deixar a curva de juros um tempo maior elevado; porém, se ele amenizar o discurso contra a imigração não deve assustar os índices aqui no Brasil.”. 

 

Perspectivas do último mandato do governos Trump

 

  • Política Comercial: Adotou políticas protecionistas que afetaram as relações comerciais com diversos países, incluindo o Brasil. Uma eventual vitória de Trump pode trazer incertezas em relação ao comércio internacional, podendo impactar as exportações brasileiras.

 

  • Relações Diplomáticas: O relacionamento entre Trump e o governo brasileiro anterior foi relativamente próximo, especialmente com Jair Bolsonaro. Uma nova presidência de Trump poderia não ter a mesma aproximação com o governo atual do Brasil. Caso haja, poderá ser positiva em termos de cooperação em várias áreas, como segurança, defesa e tecnologia.

 

  • Meio Ambiente: Retirou os EUA do Acordo de Paris sobre o clima e promoveu políticas favoráveis ​​à exploração de combustíveis fósseis. Isso pode ser visto como negativo para o Brasil, especialmente no contexto da proteção da Amazônia e dos esforços globais para combater as mudanças climáticas.

 

  • Mercado Financeiro: As políticas econômicas de Trump, como cortes de impostos e desregulamentação, podem ter impactos no mercado financeiro global, afetando indiretamente o Brasil. Investidores podem reagir positiva ou negativamente às políticas econômicas propostas por Trump.

 


Certamente, a potencial volta de Donald Trump à corrida presidencial dos EUA pode acarretar diversas implicações para o Brasil. As consequências dessas possíveis mudanças são cruciais e merecem atenção, dado o impacto significativo que podem ter em diferentes setores e na dinâmica internacional como um todo.